quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O DESPERTAR




Abriu os olhos lentamente incomodada com a sensação que lhe tomava o corpo. Era desconhecida, no entanto prazerosa.
Viu-se deitada em uma cama confortável rodeada de travesseiros e lençóis brancos de seda, olhou em volta fazendo um reconhecimento do lugar onde estava ate seus olhos pararem na única figura que lhe era conhecida.
Sentado em uma poltrona, estava seu amigo mais querido olhando-a enquanto balançava para frente e para trás. Com seus cabelos negros eternamente desarrumados, sua pele branca e seus olhos azuis da cor do mar, ali estava ele.  Ela sorriu ao vê-lo ali olhando para ela com uma saudade que ela não conseguia compreender, levantou-se apressadamente para poder abraçar-lhe, no entanto quando seus pés tocaram o chão não souberam o que fazer e ela caiu em um tombo desajeitado entre lençóis e travesseiros que arrastou consigo na tentativa de levantar-se.
Ouviu-se risos e passos e ali estava ele abaixando para encarar-lhe.
__ Olá Ana! Te esperei por muito tempo! - sorriu ele olhando profundamente para seus olhos castanhos.
__Caded! Eu pensei... Eu pensei... – ela segurou o rosto dele como se quisesse uma confirmação que ele realmente estava ali.
__Mas... Mas... Você caiu! – disse ela quase num sussurro - Como pode ser... Eu vi! Tentei chegar a você, mas só me lembro de uma escuridão tomando conta de tudo. – ela gesticulava e procurava encontrar dentro de si uma explicação, mas não encontrou nada.
__Calma criança! Calma... Temos muito que conversar e temos todo o tempo do mundo para isso! – sorriu ele pegando-a no colo e colocando-a novamente na cama.
__Onde estamos? Que lugar é esse? – perguntou ela olhando o quarto que não lhe era familiar.
Caled sentou-se ao seu lado na cama com um olhar preocupado, ajeitou a camisola de Ana que lhe mostrava as coxas, cobriu suas pernas com o lençol e disse:
__ Mais tarde conversaremos querida! Pedirei para a empregada trazer-lhe algo para comer e beber ela vai ajuda-la a tomar um banho e então quando você estiver recomposta conversaremos! Por hora descanse, eu voltarei logo! – e com essas palavras levantou-se e sem olhar para trás saiu do quarto fechando a porta atrás de si.
Ana ficou ali sentada sem entender, olhou a sua volta tudo no quarto era branco e bonito e lhe trazia uma sensação de segurança estar ali, mesmo sem reconhecer nada que compunha aquela imagem.
Ana deitou-se novamente fixando seu olhar no teto, sabendo que aquele não era seu lugar e por mais que ela tentasse se lembrar de detalhes daquela noite nada vinha em sua mente. Nada fazia sentido.
Pouco tempo se passou desde que Caded deixara o quarto quando Ana ouviu a porta abrir-se novamente, mas não era Caded que entrara, mas uma senhora gorda e baixinha de olhos mestiços.
__ Olá menina! Tudo bem querida? Meu nome é Fátima. Maria de Fátima na verdade – riu a mulher - __ vim ajuda-la com o banho. Era sorridente e emanava uma alegria que chegava ser contagiante.
Em suas mãos trazia toalhas e um pijama que prontamente estendeu para Ana.
__ Seu irmão me disse que você resfriou-se durante a viagem! Pobrezinha ainda deve estar com os sintomas! Disse colocando as toalhas sobre a cama quando percebeu que Ana não se moveu quando ela estendeu-lhe as toalhas.
__ Por favor, senhorita venha comigo, vou preparar seu banho e você se sentirá muito melhor. Eu garanto! Sorriu ela estendendo-lhe a mão.
Ana segurou-lhe a mão sem entender colocando lentamente os pés no chão com receio de cair novamente, mas para sua surpresa ao fazer isso devagar se lembrou como era andar novamente. Caminham até o banheiro onde Ana ficou observando a Fátima ir e vir enquanto preparava seu “banho”. Ao terminar a empregada já tensa pelo comportamento da menina parou a porta dizendo:
__ Ficarei aqui no quarto enquanto você toma seu banho, não tenha pressa! Se precisar de algo mais é só me chamar! E com essas palavras saiu fechando a porta.
Ana olhou a sua volta tentando entender o que eram todos aqueles objetos com texturas, cores e formas diferentes. Abriu a porta e pediu a empregada para que chamasse Caded.
Logo em seguida chegou Caled juntamente com Fátima. __ Posso ajuda-la minha querida? Disse Caled sorrindo para Ana
Ela ficou calada olhando para Fátima sem saber o que dizer. A empregada entendendo que não deveria estar ali disse:
__ Bom! Eu vou preparar algo para você comer enquanto toma seu banho. E virando-se caminhou rapidamente em direção à porta.
__ Fatima! – chamou Ana. A mulher virou-se para encarar Ana esperando algum pedido e então Ana disse:
__ Seu nome tem um significado muito especial! Significa ‘Senhora Soberana’ tem origem Hebraica é uma grande honra aos olhos do Pai ser Maria!
A mulher saiu sorrindo sem entender o motivo do comentário, mas feliz pelo que entendeu ser um elogio da parte da garota.
Caled olhou para Ana e riu alto. __ Bastava dizer “Obrigada!”. Mas em fim! Venha, lave-se aqui, seque seu corpo com esses panos - disse estendendo a toalha aberta em frente ao corpo - __ São toalhas. São feitas para secar o corpo.
Ela pegou a toalha sem interesse e olhou para Caled.
__ O que está acontecendo? Onde estamos? Não reconheço nada aqui! Você precisa me dizer.
__ Ana o que você precisa agora é de um banho! Demore o tempo que precisar enquanto isso vau buscar o que comer, você deve estar faminta. Só não se deu conta disso!
__ Não! – disse ela agarrando seu braço – Precisamos conversar! Você me deve explicações.
__Querida! – disse ele ternamente – O mundo que você conheceu já não existe mais! Tudo que você conhecia e compreendia mudou e agora você precisará se adaptar a sua nova realidade. Quando eu voltar conversaremos e te explicarei tudo que precisa saber. - E falando isso saiu.